Balança na fazenda; qual o grau de importância que ela tem?

Balança na fazenda; qual o grau de importância que ela tem?

    Hoje em dia, é muito corriqueiro ouvirmos falar em pecuária de ciclo curto, de giro rápido. Enfim, a pecuária deve ser encarada como uma empresa rural, que deixou de ser uma atividade de subsistência para ser tornar produtora de commodities.

    A atividade agrícola, como produtora de grãos, se consolidou no quesito; mensuração de resultados por hectares plantados – Agricultura de Precisão, o que dá ao produtor informações para tomadas de decisões quanto ao preparo do solo, correção e adubação, entre outros manejos, de acordo com a produtividade de cada talhão. Ao perguntarmos a um agricultor sobre a produtividade de sua propriedade, ele nos responderá apontado quais áreas são mais produtivas e quais áreas são menos produtivas, por questões de qualidade de solo, tempo de plantio, rendimento de maquinário e outros, e o mais importante; a quantidade média de sacos produzidos, por hectare, em cada talhão.

    Por vezes me pergunto: “Se estas informações são tão uteis para atividade agrícola, porque não aplicamos o mesmo conceito na pecuária? Porque normalmente vemos pecuaristas sem informações precisas quanto a produção em cada ponto de suas propriedades?”

    Se pensarmos na ferramenta comum as duas atividades – agricultura e pecuária – que permite apontar a produção por hectare temos a mesma resposta: a balança!

Imagens da internet

    Porque então o pecuarista não dá a mesma importância que o agricultor para esta importante ferramenta de mensuração de produtividade?

    Apesar da atividade pecuária ser dividida em três etapas: cria, recria e engorda, todas apresentam como produto final a mesma coisa – carne. Assim, sabendo a produção por unidade animal em cada uma das fases e a lotação trabalhada na fazenda, conseguimos calcular a quantidades de quilos de carne por hectare que estão sendo produzidos. Na cria, fala-se muito em quilos de bezerros desmamados por hectare por ano e nas atividades de recria e engorda seriam arrobas por hectare por ano.

    Nesse sentido, a balança, seria um utensílio primordial porteira a dentro, uma vez que ela é a ferramenta que permite avaliarmos os resultados que estão sendo obtidos com a adoção de determinada tecnologia, como: a) melhoramento genético do rebanho; b) protocolos nutricionais implantados; c) apartes, montagens de lotes; d) dosagens de medicamentos; etc.

     Pense comigo, como cobrar seu técnico, seus consultores, sua equipe de colaboradores por resultados sem mensurar o que a atividade realmente produz? No “achometro”?

     Vale destacar que é de extrema importância que tenhamos cuidados com esta valiosa ferramenta, para garantir qualidade dos dados obtidos, como:

Imagens da internet

  1. Garantir que o solo esteja nivelado no momento da instalação das barras de pesagens;

  2. Evitar dar choques nos animais estando na balança, pois prejudica as células de pesagem;

  3. Proceder a limpeza do conjunto (tronco/balança) após o manuseio dos animais;

  4. De preferência em trabalhar com uma fonte de energia elétrica que não oscile, como baterias com estabilizadores;

  5. Verificar se o brete/ tronco não está encostando nas laterais do corredor de manejo e ou apartador, mascarando o peso apontado pelo indicador;

 

6. Sempre que for proceder a calibração, ou tarar a balança, usar amostras de pesos confiáveis como sacarias de mineral e ou pesos padronizados;

7. Manter a integridade dos cabos que ligam as barras (células) de pesagem ao indicador;

8. Assegurar que os plugs dos cabos sejam cobertos e fiquem suspensos do solo, após o uso, evitando acumulo de sujeiras e subsequentes falhas na transmissão de dados ao indicador;

9. Evitar quedas ou pancadas tanto nas barras de pesagens, quanto no indicador;

Procedimento de pesagem dos animais, como funciona?

    Várias são as metodologias usadas para a pesagem dos animais. Porém, devemos nos atentarmos ao conteúdo ruminal, que pode constituir cerca de 4,00 a 5,00% do peso do animal.

    Sistemas mais tecnificados, adotaram modelos mais padronizados à pesagem dos animais, com critérios de manejo para obterem valores com uma maior acurácia. Uns adotam o jejum parcial (com livre acesso a água) e outros o jejum total.

    Quando estamos procedendo pesagens visando avaliação genética, ou seja, adoção da pesagem como critério de seleção é muito importante que o horário e condições entre um manejo e outro sejam os mais similares possíveis.

    Quando estamos procedendo pesagens para envio de animais ao abate, é importante que tenhamos em mente que a água (hidratação) é importante para manter a qualidade organoléptica da carne. Desta forma, o jejum parcial é mais interessante, prendendo os animais no final da tarde e procedendo as pesagens no início da manhã, onde o objetivo é focado no conteúdo ruminal.

    Mas é passível de problemas quando os animais permanecem mais de 12 horas em jejum parcial porque a aumento de ingestão de água, que ocasiona aumento da ingesta. Na linha de abate, no momento da oclusão do esôfago podemos ter contaminações, resultando em limpeza da carcaça (refile) impactando no rendimento de carcaça.

Imagens da internet: sistema de pesagem por telemetria.

Economicamente, como o jejum interfere na pesagem?

    Vamos exemplificar um animal com 578,00 Kg (19,27@) de Peso Vivo, saindo para abate, onde foi pesado em descontar o jejum. No frigorífico o peso de carcaça é de 315,00 kg (21,00 @), onde o rendimento de carcaça (315/578 x 100) é de 54,50%.

    Se considerarmos um desconto do volume ruminal de 4,00%, sobre o peso vivo, teremos 23,12 kg a menos. Desta forma, o peso vivo estaria em torno de 554,88 Kg. Aplicando o peso de carcaça (315,00 kg) sobre o peso vivo (315/554,88 x 100), teremos um rendimento de carcaça de 56,77%, com acréscimo de 2,27% pontos percentuais ou incremento de 4,16%

    O correto manejo de pesagem dos animais é importantíssimo quando avaliamos o desempenho de da eficiência biológica dos animais, apontando sucessos e insucessos na adoção de determinadas dietas.

    Os dados abaixo indicam os resultados de animais em fase de recria, na região de Ipiranga do Norte – MT, onde se observa os resultados de dois grupos genéticos:

    Os dados abaixo indicam os resultados de animais confinados, na região de Alta Floresta – MT, onde se observa os resultados de dois grupos genéticos:

Existem outras pesagens necessárias, em uma fazenda?

    Com a expansão das fronteiras agrícolas, a oferta de grãos e coprodutos favoreceu a intensificação da pecuária, com suplementação acima de 0,3% do peso vivo/dia, onde a distribuição saiu da sacaria para a granelização.

    Desta forma, faz-se necessário o investimento em equipamentos de distribuição munidos de balanças, afim de que a oferta esteja dentro daquilo que realmente os animais necessitam consumirem, para um bom desenvolvimento e viável economicamente.

   Vamos exemplificar: Em um rebanho com mil animais, com peso vivo médio de 300 kg, recebendo uma dieta de 0,5% do Peso Vivo ao dia, irão consumir cerca de 1,5 kg/dia. Em mil animais, serão 1.500 kg ao dia. Se tivermos um desvio de 3,0% acima do estipulado, teremos uma oferta de 1.545 kg ao dia, ou seja, 45 kg a mais. Em cem dias serão 4.500 kg. Com um suplemento a R$ 0,80 o quilo. O prejuízo será de R$ 3.600,00, ou R$ 3,60 a mais no custo de produção por animal.

Imagens do arquivo: adaptação de distribuidor de calcário e adubo para distribuição de suplementos com instalação de balança, para monitoramento do consumo e desempenho.

    É sabido que há um apelo, constante, quanto a verticalização da produção, por questões sociais, ambientais, econômicas entre outras, que nos leva a busca incessante pelo aumento de produção por área, encurtando idade em que as matrizes emprenham, idade de desmame, recria e tempo de engorda. Para isso, práticas de melhoramento dos animais e protocolos nutricionais são os maiores responsáveis por essas mudanças e o controle de incremento de peso para tais, é ponto passivo, para o sucesso.

    Desta forma, não ter métodos de pesagens e ou tê-los sem que os dados não sejam precisos e confiáveis põe por terra quaisquer programas de melhorias na propriedade e por consequência avaliar os resultados financeiros da atividade.

    O uso correto da balança, dentro de uma fazenda, permite a previsibilidade de quando os animais atingirão determinado peso para serem comercializados resultado num fluxo de caixa mais organizado. Pense nisso!

O que não é medido não é gerenciado”, já diziam Robert Kaplan e David Norton.

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Graduado em Zootecnia, pela Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande – MS), Técnico em Agropecuária pela ETAE Augusto Tortolero Araújo (Paraguaçu Paulista - SP), com experiencia em administração de empresas rurais, indústria frigorífica, nutrição animal e consultoria em grandes projetos de cria, recria e terminação a pasto, confinamentos e iLP, nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Hoje compondo o time da Safrasul, como Supervisor Regional – MS Norte.

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Graduado em Zootecnia, pela Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande – MS), Técnico em Agropecuária pela ETAE Augusto Tortolero Araújo (Paraguaçu Paulista - SP), com experiencia em administração de empresas rurais, indústria frigorífica, nutrição animal e consultoria em grandes projetos de cria, recria e terminação a pasto, confinamentos e iLP, nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Hoje compondo o time da Safrasul, como Supervisor Regional – MS Norte.

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