Benefícios no uso de aditivos em animais em pastejo

Benefícios no uso de aditivos em animais em pastejo

    Somos um país, cuja pecuária esta arraigada desde os primórdios da colonização, nos tornando-nos segundo maior exportador de carne bovina mundial. Diversas tecnologias tornaram possíveis os incrementos à produção, porém nossa pecuária se sustenta basicamente em pastagens, sendo seu principal provedor de proteína e energia aos animais.

    Contudo apenas as forragens não são suficientes para atender as demandas de produção, pelo fator de terem períodos sazonais de maior oferta de nutrientes e pela exigência do mercado em obter animais cada vez mais jovens e com acabamento de gordura.  De vinte anos para cá, houve significativo aumento de produção de arrobas em menor espaço de tempo, tal qual em menor espaço físico, graças à introdução de protocolos nutricionais que permitam explorar maior ganho de peso diário dos animais atrelado ao melhoramento genético. Neste segmento a introdução dos aditivos teve papel muito relevante à obtenção de melhores resultados.

    Sabemos que os bovinos, herbívoros que são, possuem um aparelho digestivo dividido em quatro câmaras, onde grande parte da obtenção de proteínas e energias é feita através de microrganismos contidos nestas câmaras. Estes microrganismos são responsáveis por fermentarem as forragens consumidas e produzirem ácidos graxos de cadeia curta e proteína microbiana, que são as fontes absorvidas pelos ruminantes para produção de carne, leite, tecidos, gorduras, entre outros.

    Os ácidos graxos produzidos durante a fermentação das forragens são; ácido acético, ácido butírico e ácido propiônico, onde um animal que tem um maior consumo de volumoso terá maior produção de ácido acético, em função a maior atividade das bactérias celulolíticas (que degradam as fibras do capim). A ação do acetato e butirato resultam em maior gasto de energia pela liberação de hidrogênio, onde parte deste hidrogênio é convertida em metano. O metano resultante gera uma perda de cerca de 2 a 12% da energia da energia consumida pelo animal, tendo interferência direta sobre o desempenho do animal.

    Existem dois tipos de bactérias que atuam na degradação dos alimentos; as bactérias gram-positivas e bactérias gram-negativas, sendo estas últimas importantes para o desempenho do animal. Os aditivos tem um papel muito importante neste contexto, pois irão interferir nas populações dos microrganismos ruminais, melhorando a produção animal. Agem contra as bactérias gram-positivas e favorecem as bactérias gram-negativas, que produzem ácido propiônico, garantindo maior aporte energético ao animal.

Esquema simplificado do metabolismo de proteínas em ruminantes.

E o que são aditivos?

    Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, aditivos são definidos como substâncias com uso intencional no alimento com objetivo de preservar, intensificar ou modificar suas propriedades, melhorando o desempenho dos animais e com propriedades anticoccidianas, desde que não altere as qualidades nutricionais dos alimentos.

E onde tem maior uso e resultados?

     Os aditivos vêm sendo muito utilizados em dietas com alta quantidade de concentrados, como por exemplo, dietas de semi-confinamentos, confinamentos, por oferecerem segurança ao uso destes protocolos nutricionais, em função dos ricos com distúrbios alimentares. Em alguns casos, são empregados em suplementos minerais, destinados a animais a pasto, apresentando melhor consumo da forragem e subsequente aumento do GMD, por participarem na produção de propionato, resultando em maior disponibilidade de energia ao animal, bem como aumento da proteína que é absorvida no intestino delgado (proteína metabolizável), que é mais bem absorvida pelo animal.

 Quais são os aditivos disponíveis hoje?

    •  Antibióticos ionóforos

  Antibióticos ionóforos são substâncias naturais produzidos pela fermentação de microrganismos do gênero Streptomyces, que tiveram sua introdução destinada ao controle de coccidioses.

    Tem ação sobre as bactérias gram-positivas, onde alteram o fluxo iônico celular, causando gasto de energia. Desta forma, a bomba (sódio x potássio) não consegue funcionar corretamente causando, aumentando a pressão osmótica e morte da bactéria, isso ocorre porque as bactérias gram-postivas possuem apenas uma membrana celular (RUSSEL & STROBEL, 1989).

    O efeito dos ionóforos se deve à alteração da fermentação ruminal, pela alteração das bactérias gram-positivas, alterando a proporção de ácidos graxos da cadeia curta (AGCC) e na concentração de nitrogênio amomiacal, processos chaves que tem impacto direto sobre o metabolismo de energia e proteína do animal (MARINO et. al. “s.d.”). Como benefícios ao uso de ionóforos, temos os seguintes efeitos:

    • Diminuição de distúrbios metabólicos, como acidoses e timpanismos, em função da menor concentração de ácido lático, principalmente em dietas muito energéticas, com alta participação de concentrados;
    • Melhora conversão alimentar, principalmente em dietas com alto teor de grãos, reduzindo de 8 a 10% a ingestão de alimentos, melhorando o GMD.

    Enquadram-se como antibióticos ionóforos os mais utilizados; Monensina, Salinomicina, Lasalocida e Narasina.

    São altamente tóxicos, se ingeridos por equinos e muares, podendo levar a morte.

    • Antibióticos não ionóforos:

    Os antibióticos não ionóforos foram introduzidos para controle de abcessos no fígado, principalmente em animais terminados em dietas com alta inclusão de concentrados. Estão neste grupo microrganismos da classe Streptomyces virginae, que promovem a inibição da formação das ligações peptídicas levando a diminuição do crescimento e morte das células nocivas ao trato digestivo.

    Tem efeitos muito positivos ao ganho de peso e eficiência alimentar de bovinos de corte, tendo como vantagem a inibição da produção de ácido lático, se comparado os antibióticos ionóforos. Seu uso durante fases de transição (secas x águas) tem demostrado resultados positivos no que diz respeito à redução de diarreias.

    Vem sendo usados em larga escala em associação com Antibióticos ionóforos, onde apresentam melhorias na conversão alimentar na ordem de 4%, melhorando os rendimentos de carcaça (Virginiamicina + Monensina).

    Estão neste grupo a; Virginiamicina (VM), Flamomicina (Flavo), Bacitracina e Tilosina.

    Por não inibirem ou modularem consumo, são inseridos em misturas minerais e suplementos proteicos de baixo consumo.

    Não são nocivos aos equinos e muares.

    • Probióticos:

     São compostos por culturas vivas de microrganismos que se estabelecem naturalmente ao trato digestivo, em especial no intestino. Estão neste grupo os Lactobacilli e Saccharomyces cerevisae.

    Através da sua proliferação inibem o crescimento de agentes patológicos como a E. coli, melhorando a microbiota ruminal e consequentemente absorção de nutrientes, pela redução da competição.

    O uso de leveduras contribuiu para o aumento do número de bactérias viáveis e celulolíticas, responsáveis pela degradação da fibra (Wallace & Newbold, 1993; Nagaraja et. al., 1997).

    • Óleos Essenciais:

    São substâncias lipofílicas, liquidas e voláteis presentes em tecidos vegetais conferindo uma proteção contra predadores. Agem sobre as membranas lipídicas das bactérias gram-positivas, alterando o gradiente dos íons e reduzindo o crescimento dessas bactérias, promovendo uma fermentação mais eficiente e aproveitamento da energia dos alimentos ingeridos.

 

Considerações finais

    Antes de se usar aditivos, nos protocolos nutricionais em bovinos de corte, é importante que se tenha consciência de qual(is) aditivo(s) serão mais indicados para determinada dieta e ou suplementação, sempre levando em consideração seu custo-benefício.

    Quando se faz o uso de aditivos, deve-se ter noção que é necessário que o veículo, no qual está sendo usado para disponibiliza-lo, deve estar constantemente no cocho, ou seja, ao alcance dos animais para que se tenha o efeito desejável.

    Promovem um ganho adicional na ordem de 60 a 120 gramas/cabeça/dia, a um custo adicional de R$ 0,1 a 0,5/cabeça/dia, onde se espera um ganho de 2 a 7 gramas a mais para se pagar o investimento (Garcia, 2017).

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Graduado em Zootecnia, pela Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande – MS), Técnico em Agropecuária pela ETAE Augusto Tortolero Araújo (Paraguaçu Paulista - SP), com experiencia em administração de empresas rurais, indústria frigorífica, nutrição animal e consultoria em grandes projetos de cria, recria e terminação a pasto, confinamentos e iLP, nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Hoje compondo o time da Safrasul, como Supervisor Regional – MS Norte.

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Autor: Walker Diógenes Ricarte

Graduado em Zootecnia, pela Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande – MS), Técnico em Agropecuária pela ETAE Augusto Tortolero Araújo (Paraguaçu Paulista - SP), com experiencia em administração de empresas rurais, indústria frigorífica, nutrição animal e consultoria em grandes projetos de cria, recria e terminação a pasto, confinamentos e iLP, nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Hoje compondo o time da Safrasul, como Supervisor Regional – MS Norte.

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