Utilização de Calcário e Gesso em Pastagem
Utilização de Calcário e Gesso em Pastagem
CALCÁRIO
A grande maioria dos solos que estão sendo explorado no processo produtivo agropecuário e os que estão sendo inseridos, como nos solos de cerrado, apresentam acidez elevada e presença de Alumínio (Al) e Manganês (Mn) em níveis tóxicos para as plantas cultivadas. Possuem ainda baixos níveis de Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg).
Para tornar estes solos aptos ao cultivo e incorporá-los ao processo produtivo, a correção destes fatores é fundamental e a prática mais simples para atingir este objetivo é com o uso do calcário.
A calagem é uma das práticas mais importantes para o aumento da eficiência dos adubos, consequentemente para o aumento da produtividade agropecuária.
Existem dois tipos de Calcário: Calcítico, que contém quase que exclusivamente Cálcio; e o Dolomítico, que além de Cálcio, possui também Magnésio.
Estes dois elementos são necessários para as plantas pois o Cálcio é importante para o desenvolvimento de raízes, na formação da estrutura da planta e no metabolismo do Nitrogênio (N), enquanto o Magnésio é um dos componentes da clorofila, que é responsável pela fotossíntese, que é o principal fator de crescimento das plantas.
A escolha entre os dois tipos de calcário (calcítico ou dolomítico), vai depender dos resultados da análise do solo e da relação entre estes dois elementos no solo.
A calagem adequada é uma das práticas que mais benefícios traz ao agricultor, sendo uma combinação favorável de vários efeitos, dentre os quais mencionam-se os seguintes:
- Elevação do pH do solo;
- Fornecimento de Ca e Mg como nutrientes;
- Diminui ou elimina os efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe;
- Diminui a “fixação” de P;
- Aumenta a disponibilidade do N, P, K, Ca, Mg, S e Mo no solo;
- Aumenta e eficiência dos fertilizantes;
- Aumenta a atividade microbiana do solo, favorecendo reciclagem de nutrientes através da decomposição da matéria orgânica;
- Melhora as propriedades físicas do solo, proporcionando melhor aeração, circulação de água, favorecendo o desenvolvimento das raízes das plantas;
- Aumenta a produtividade das culturas como resultado de um ou mais dos efeitos anteriormente citados.
Quanto aplicar
Quando analisamos as espécies forrageiras quanto à rusticidade e tolerância à acidez do solo, assim como a necessidade de calagem, verificarmos que elas podem ser classificadas em 3 categorias: Forrageiras de alta tolerância a acidez; média tolerância à acidez e baixa tolerância à acide do solo, conforme quadro abaixo.
Dessa forma, a recomendação de quanto aplicar, deve estar adequada quanto à tolerância da forrageira à acidez do solo, para que o custo x benefício seja favorável à utilização do insumo.
A quantidade pode variar também dependendo do método utilizado para determinação da necessidade de calcário. Para solos de cerrado, recomenda-se a fórmula de Neutralização de Alumínio, quando a CTC estiver muito baixa, o teor de argila do solo for inferior a 15% e a soma de Ca e Mg for inferior a 2,0 cmolc/dm3, enquanto para solos com níveis de CTC mais altos, argila maior do que 15% e a soma de Ca e Mg acima de 2,0 cmolc/dm3, é utilizada a formula de Elevação da Saturação em Bases.
Nos dois métodos, a correção das quantidades a aplicar deve ser baseado no PRNT do calcário, já que ambas as fórmulas consideram um PRNT de 100%, o que dificilmente ocorre nos calcários comercializados.
O percentual de argila no solo também participa na quantidade a ser aplicada, que já para elevar o pH de um solo a determinado nível, necessita de mais calcário em solos de textura argilosa do que em solos arenosos.
Como aplicar
Na formação ou reforma de pasto, o calcário deve ser aplicado em área total, podendo ser a lanço ou através de equipamentos, tipo cocho, que depositam o produto sobre o solo. Após a aplicação, o calcário deve ser incorporado ao solo a uma profundidade mínima de 20 cm ou mais, dependendo do fator de correção de profundidade que pode ser aplicado à formula de cálculo de calagem.
Quando aplicar
O ideal é realizar a calagem com 60 dias antes da semeadura da pastagem, como em todas as culturas, mas por se tratar de uma cultura perene e nem sempre a condição de umidade do solo permite iniciar seu preparo antecipado, pode-se realizar a calagem antes das primeiras chuvas e inicio do preparo do solo, já que o objetivo é ter uma pastagem estabelecida por mais de 8 anos.
Em pasto já estabelecido e que necessita de calagem, devido a elevação da acidez do solo, esta por ser realizada em cobertura, após rebaixamento do capim, no início do período das chuvas, com dose que não pode ultrapassar 3,0 ton/ha.
GESSO AGRÍCOLA
O Gesso Agrícola é um insumo importante quando pensamos em aumentar o volume de solo explorado pelas raízes.
Como o calcário tem pouco mobilidade no solo, as camadas mais subsuperficiais, abaixo da camada arável do solo, necessitam ser corrigidas com o objetivo de permitir que as raízes se aprofundem no perfil do solo.
Tem como benefícios:
- Aumentar o sistema radicular em profundidade
- Fornecer Cálcio e Enxofre em subsuperfície
- Reduzir o Alumínio tóxico em profundidade ontem o calcário não alcançou
- Aumentar disponibilidade de nutrientes e água.
Quanto, Quando e Como aplicar o Gesso agrícola
O primeiro passo para determinar a necessidade de Gesso é realizar uma análise de solo de 20 a 40 cm de profundidade, pois é nesta área que o gesso irá atuar, depois que o calcário corrigiu até os 20 cm.
Para definir a necessidade de aplicação de Gesso, os resultados apresentados na análise devem apresentar algumas das características abaixo:
- Cálcio menor que 0,5 cmolc/dm3;
- Alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3;
- Saturação por alumínio maior que 20%;
- Saturação por bases (V%) menor que 35%.
O método mais utilizado para determinação da quantidade a aplicar é baseada no tempo da cultura e no percentual de argila do solo, conforme abaixo:
Culturas anuais: NG = 50 x argila (%)
Culturas perenes: NG = 75 x argila (%)
(Valores são dados em kg/ha)
Há ainda o método pela Saturação por Bases e o método pela textura do solo, mais utilizados na agricultura do que na pecuária.
Tanto o Calcário como o Gesso Agrícola são insumos importantes na agropecuária brasileira, mas suas utilizações devem ser realizadas com técnica e dentro das recomendações, pois o erro em subdosagem pode aumentar o custo de produção, sem aumentar como desejado a produtividade, assim como a aplicação de doses superiores à recomendação reduz a disponibilidade de nutrientes, reduz a produção, além de elevar o pH do solo para níveis acima do recomendado prejudicando sua estrutura e podendo levar à degradação do solo.
A recomendação de calagem e gessagem sempre devem ser feitas por um Engenheiro Agrônomo e sempre aparados por uma análise de solo, para que as quantidades a aplicar sejam calculadas dentro dos parâmetros estabelecidos pela pesquisa.
Autor: Osmair Nogueira
Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialização em Tecnologia de Produção de Sementes pela UFPel
MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Atuando há 25 anos no setor de sementes de forrageiras e Gerente Comercial da Safrasul Sementes.
Autor: Osmair Nogueira
Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialização em Tecnologia de Produção de Sementes pela UFPel
MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Atuando há 25 anos no setor de sementes de forrageiras e Gerente Comercial da Safrasul Sementes.
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Este post tem um comentário
Boa tarde, ótima publicação me ajudou bastante para compreender certas questões em relação a análise de solo.Fiz recentemente uma calagem acompanhada da gessagem, apliquei os dois juntos e percebi o aparecimento de ervas daninhas como Tiririca e a diminuição do decumbes.Isso é normal??