Reforma Estratégica de Pastagem

Reforma Estratégica de Pastagem

    Reformar pastagem é uma prática comum em propriedades de pecuária no Brasil, devido ao processo de degradação de pastagem que se inicia logo após a entrada dos animais na área, para realizar o pastejo.

    O grau e a velocidade da degradação irão depender dos cuidados que serão adotados com a reforma propriamente dita e depois da pastagem estabelecida, com o manejo da forrageira e com o fornecimento dos nutrientes necessários para as plantas forrageiras, sem esquecer é claro, do controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

    A metodologia adotada para realizar a reforma da pastagem de forma satisfatório também foi exaustivamente estudado pela pesquisa e o manual de Boas Práticas para a Reforma de Pastagem, está disponível para ser consultada e implementada nas propriedades.

    Dentre os fatores a serem observados no momento da reforma do pasto, está a época de semeadura, que consiste na janela de plantio recomendada para estabelecimento da pastagem de acordo com a região, as características do clima, tipo de solo e ciclo das cultivares. É nesta janela que o grau de assertividade é maior, pois é quando o conjunto de condições ideais ao plantio e o estabelecimento e estão mais favoráveis para que as sementes germinem e formem uma pastagem de qualidade.

    A partir do momento que o período recomendado de plantio vai chegando ao final, a preocupação com a possibilidade de insucesso aumenta, o que leva muitos produtores a desistem de reformar suas pastagens, podendo comprometer o fornecimento de forragem para o próximo período das secas.

    No Brasil Central a janela de plantio vai de outubro a fevereiro e em algumas regiões pode chegar até março, porém, a partir do mês de janeiro, o produtor já pensa em desistir de reformar o pasto que estava no planejamento, pois aumenta a incerteza se irá conseguir tem um pasto bem formado.

    O importante a dizer é que é perfeitamente possível realizar a reforma de uma pastagem, mesmo que nenhuma operação de preparo de solo tenha sido iniciada a partir de janeiro ou fevereiro.

   Pensando em pasto estratégico, o plantio de pastagem a partir desta época do ano tem objetivos que podem ser bem específicos, como: produzir um feno-em-pé, para o final do período das secas ou formar um pasto para desmana de bezerros.

    Caso o objetivo é produção de massa para a o período seco, a estratégia ajudará a mitigar a falta de forragem no momento mais crítico do ano.

    Para a desmama de bezerros o pasto estratégico funciona para quem trabalha com cria e utiliza a estação de monta, com uso de touros ou mesmo com inseminação artificial.

   Como a estação de monta é geralmente realizada entre os meses de novembro a janeiro (em algumas propriedades pode ir até fevereiro), a parição ocorrerá de 9 a 9,5 meses após a estação de monta (agosto a outubro), e a estação do desmame ocorrerá de 8 a 10 meses após a desmama (dependendo da preferência do criador). Isto acontecerá entre os meses de abril a agosto, justamente na época em que os pastos estão secando ou já secaram, dependendo da cultivar.

    Com isso, ter um pasto novo nesta época do ano, destinado para bezerros, ajudará muito para que a perda de peso, devido ao stress da desmama, seja reduzido, já que esta perda de peso tem dois fatores bem importantes. O primeiro é o afetivo, com a retirada da mãe e segundo é o alimentar, pois nesta época do ano os pastos estão secos e com pouca qualidade e digestibilidade para os bezerros recém desmamados.

    A escolha de qual forrageira utilizar para formar uma pastagem estratégica para a desmama é fundamental, porque as forrageiras apresentam ciclo de maturação de sementes diferente e não é interessante que pasto com esta finalidade sequem com as primeiras chuvas. Com isso, a indicação é sempre por forrageiras de ciclo precoce, como Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã que entra em florescimento entre janeiro e fevereiro, e B. brizantha cv. BRS Paiaguás, que entra em florescimento entre dezembro e janeiro.

    Estas forrageiras dificilmente entrarão em florescimento quando a semeadura ocorre a partir de fevereiro, pois nesta época elas ainda estarão na fase vegetativa, vindo a florescer somente entre dezembro e fevereiro do ano seguinte. Isso permite que elas continuem vegetando enquanto tiver umidade no solo para seu crescimento. Dessa forma, a qualidade da forrageira ofertada aos animais recém desmamados terá boa qualidade, proporcionando os benefícios especificados anteriormente.

    Panicuns e brachiarias de ciclo médio ou tardio como Marandú e Xaraés, não são recomendados para este objetivo pois tenderão a florescer antes de junho, diminuindo a qualidade e cessando o crescimento.

    No aspecto econômico, ter bezerros com menor perda de peso nesta fase da vida é ter animais mais pesados já no início do período das próximas chuvas, encurtando o ciclo destes animais na fazenda ou permitindo seu abate com maior peso.

    A quantidade de área a ser preparada com este objetivo vai depender da estrutura operacional e da capacidade de realizar os trabalhos de correção, preparo de solo e semeadura.

    Para concluir, em janeiro ainda dá tempo de formar um pasto estratégico para o período seco que se aproxima.

Autor: Osmair Nogueira

Autor: Osmair Nogueira

Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialização em Tecnologia de Produção de Sementes pela UFPel
MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Atuando há 25 anos no setor de sementes de forrageiras e Gerente Comercial da Safrasul Sementes.

Autor: Osmair Nogueira

Autor: Osmair Nogueira

Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialização em Tecnologia de Produção de Sementes pela UFPel
MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Atuando há 25 anos no setor de sementes de forrageiras e Gerente Comercial da Safrasul Sementes.

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